No 2º dia da greve dos rodoviários, população recorre ao transporte alternativo em SL
A greve dos rodoviários chegou ao seu segundo dia nesta terça-feira (18) causando inúmeros transtornos para quem depende do transporte público em São Luís e nos municípios da Região Metropolitana (São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar). Cerca de 700 mil pessoas estão sendo afetadas pela paralisação.
Sem ônibus nas ruas, quem precisa chegar ao trabalho enfrenta inúmeros desafios. Algumas pessoas recorrem a ônibus, vans e 'carrinhos-lotação' (transporte alternativo não regulamentado pela Prefeitura de São Luís mas reconhecido por lei pela Câmara Municipal e que faz o transporte de passageiros) que integram o transporte alternativo, na tentativa de chegar ao seu destino.
"Para chegar no trabalho tá ruim. Eu pego carrinho do meu bairro para chegar aqui [Anel Viário] e aqui eu pego outro ônibus", disse uma passageira.
Devido a pouca oferta de transporte alternativo, os usuários se apertam dentro de vans e passam sufoco em ônibus lotados. Em muitos casos, os trabalhadores precisam pagar mais caro em transportes por aplicativos para conseguir se deslocar pela cidade.
"Tá sendo difícil conseguir, mas a gente tem que dar um jeito. Estou indo para o trabalho e devo gastar no mínimo uns R$ 15 a 20", disse Valter, usuário do transporte público.
Milhares de estudantes que dependem do transporte público também sofrem com os impactos da greve dos rodoviários. Quem consegue se deslocar até as escolas, tem ido a pé, de carona ou de veículo próprio.
No Centro Educa Mais João Francisco Lisboa, no Centro de São Luís, poucos estudantes foram vistos chegando na escola nas primeiras horas desta terça-feira (18). Na segunda-feira (17), apenas 15 alunos compareceram as aulas, segundo a direção da unidade escolar.
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) as aulas nas escolas públicas não serão suspensas devido a greve e as aulas presenciais vão contar somente com alunos e professores que não dependem do transporte público. Um calendário será organizado para repor a carga horária com os estudantes afetados.
A secretaria afirmou que caso a manifestação da categoria continue, ficará a cargo das gestões escolares avaliar a possibilidade de realização de aulas na modalidade online.
A Secretaria Municipal de Educação de São Luís (Semed) informou que as aulas na rede pública municipal seguem normal e somente as turmas com professores que dependem exclusivamente do transporte coletivo poderão ser dispensadas. As unidades foram orientadas a permanecerem abertas e a avaliarem, individualmente, a situação de cada estudante e profissional da educação.
Para minimizar os impactos da greve, a Semed orientou as escolas a implementarem medidas de contingência, sempre que necessário, para garantir a continuidade do atendimento educacional.
A falta de transporte público afeta também o comércio popular em São Luís. A Rua Grande, principal ponto do comércio popular, amanheceu vazia nesta terça-feira (18). Sem clientes, lojistas sofrem com o baixo faturamento e já acumulam prejuízos.
O empresário Flávio Nascimento, dono de uma loja na Rua Grande, tem desembolsado por dia mais de R$ 1 mil somente com a passagem para que os funcionários possam trabalhar. Sem expectativa de resolução da greve, ele reclama da situação.
"Tem sido muito difícil manter o comércio com essa greve. Quem vem para o Centro vem de ônibus ou de transporte alternativo e aí, todos eles aumentam o preço. E é uma dificuldade grande para conseguir ir e voltar para casa. Ontem precisei levar duas funcionárias até perto da entrada da Cidade Operária e de lá, elas pegaram um carro de aplicativo mais barato", explica o empresário.
Flávio Nascimento diz que, em alguns casos, funcionários que moram em regiões mais distantes do Centro vão permanecer em casa durante a paralisação devido aos altos custos com deslocamento e a dificuldade de conseguir transporte.
MPT pede à Justiça do Trabalho uma solução imediata para o fim da greve dos rodoviários
Uma audiência de conciliação entre rodoviários e empresários do sistema de transporte público está prevista para ocorrer nesta terça-feira (18), às 9h, na sede do TRT-MA. A condução da audiência será feita pela juíza auxiliar da presidência do TRT-16, Tália Barcelos Hortegal Braga.
Devem participar o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (STTREMA), o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís, a Prefeitura de São Luís, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte de São Luís (SMTT), a Empresa de Mobilidade do Estado do Maranhão (MOB) e o Ministério Público do Trabalho (MPTMA).
Os rodoviários exigem reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho. Segundo o STTREMA, em novembro de 2024, a categoria encaminhou ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SET) uma proposta de Convenção Coletiva de Trabalho para 2025, um documento que assegura todos os direitos dos rodoviários para o ano vigente.
Apesar das reivindicações, as empresas informaram que não têm como atender a essas demandas e, até agora, não apresentaram uma contraproposta. Veja, abaixo, o que pede a categoria:
Apesar da Justiça do Maranhão ter determinado a circulação de 80% da frota durante a paralisação, os ônibus seguem parados nas garagens.
A Prefeitura de São Luís encaminhou, na segunda-feira (17), à Câmara Municipal de São Luís, um Projeto de Lei que autoriza a abertura de um novo processo de licitação para contratação de empresas do Sistema de Transporte Público, para a substituição das empresas de ônibus.
Por meio das redes sociais, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), afirmou que caso o projeto seja apreciado pela Câmara de Vereadores na terça-feira (18), a licitação para a contratação de empresas seria aberta imediatamente.
A Prefeitura também anunciou que, junto a esta proposta, consta no Projeto de Lei uma autorização para que o Município possa pagar corridas por aplicativo para a população, enquanto os ônibus não retornarem as ruas.
O dinheiro usado para essa finalidade será descontado do pagamento do subsídio anual de R$ 89 milhões que é repassado pelo Município às empresas de transporte. O valor é destinado para a melhoria de serviços no transporte público.
Em nota, a Prefeitura informou que caso o projeto seja aprovado, os procedimentos para operacionalizar os pagamentos das corridas será colocado em prática. Entretanto, o Município não explicou como isso poderia ser feito.