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Ministério da Saúde orienta população sobre eventual contaminação do Rio Tocantins, por causa de queda da ponte JK; veja recomendações Ministério da Saúde orienta população sobre eventual contaminação do Rio Tocantins, por causa de queda da ponte JK; veja recomendações
Apesar de não haver indícios de contaminação da água do Rio Tocantins, a nota informativa do MS contém estratégias para a mitigação de possíveis impactos à saúde humana, animal e ambiental da região.
Por Werbete | 30/01/2025 - 18h23
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O Ministério da Saúde publicou, nesta semana, uma Nota Técnica Conjunta com orientações sobre os cuidados de saúde a serem tomados pelas populações próximas ao Rio Tocantins, que corre risco de contaminação, por causa das cargas de agrotóxicos e ácido sulfúrico que caíram no rio durante o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).

Segundo o Ministério, desde o fim de 2024, a pasta monitora os desdobramentos da queda da ponte, que aconteceu em 22 de dezembro do ano passado.

Apesar de, até o momento, não haver indícios de contaminação da água do Rio Tocantins, a nota informativa do MS contém estratégias para a mitigação de possíveis impactos à saúde humana, animal e ambiental da região, além de orientar equipes dos serviços de saúde locais para eventuais casos de intoxicação por exposição a produtos químicos.

Segundo o Ministério da Saúde, a publicação tem uma linguagem acessível e serve como apoio para materiais de comunicação de risco, a fim de orientar a população afetada em como se proteger.

O objetivo é minimizar a confusão e o pânico, estabelecendo confiança, reduzindo incertezas e orientando o público sobre medidas preventivas e ações seguras (veja, abaixo, as orientações do Ministério da Saúde).

Qualidade da água do Rio Tocantins

A última análise sobre a qualidade da água do rio Tocantins foi publicada no dia 8 de janeiro, pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Na nota conjunta, os órgãos apontaram que não foi detectado nenhum tipo de contaminação no Rio Tocantins e que a equipe técnica segue monitorando o caso, pois os materiais químicos permanecem depositados no leito do rio e representam potencial risco de vazamento.

Os órgãos destacam que, neste cenário, uma possível contaminação poderia afetar os múltiplos usos do rio, assim como a subsistência de comunidades tradicionais, indígenas, ribeirinhas, quilombolas e moradores da região.

A situação segue sendo acompanhada por técnicos do Ministério da Saúde, com base no monitoramento contínuo da qualidade da água do Rio Tocantins por órgãos competentes. Semanalmente, representantes do setor saúde dos estados do Maranhão e do Tocantins se reúnem para atualizar o quadro.

Confira as recomendações do Ministério da Saúde

Aos profissionais de saúde da vigilância em saúde ambiental locais:

Em articulação com as outras vigilâncias, avaliar os riscos à saúde pública por meio do(a):

  • Identificação de áreas de risco potencial para contaminação da água;
  • Emissão de alertas sobre a necessidade de restrição do uso de água em regiões afetadas;
  • Monitoramento de resíduos de agrotóxicos em água para consumo humano, segundo diretrizes para o monitoramento de agrotóxicos em água para consumo humano;
  • Desenvolvimento de estratégias de comunicação de risco para a população exposta ou potencialmente exposta (por exemplo, aproveitando os canais de comunicação utilizados pela Atenção Primária à Saúde nos territórios via Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN), como grupos de WhatsApp e afins).

Aos profissionais de saúde da Rede de Atenção à Saúde:

Realizar avaliação inicial das pessoas que buscarem os serviços de saúde locais com queixas ou apresentando os seguintes sinais e sintomas:

  • Dor e queimação na boca e na garganta;
  • Dor de cabeça, agitação, confusão mental;
  • Náuseas, vômito, dores abdominais e diarreia;
  • Fraqueza muscular, cãibras, tremores nos músculos, dor muscular, contrações dos músculos, redução dos reflexos e perda do equilíbrio;
  • Estresse respiratório, respiração acelerada, edema de pulmão;
  • Pupilas menores que o normal e movimento involuntário dos olhos;
  • Pressão baixa, aumento dos batimentos cardíacos, respiração lenta, alterações no coração;
  • Alterações no sistema nervoso central, problemas de coordenação, confusão mental;
  • Febre (sem infecção), alterações na função dos rins, fígado e no sangue;
  • Irritação na pele;
  • Queimaduras;
  • Irritação nos olhos;
  • Desconforto nos olhos;
  • Diminuição da visão;
  • Olhos sensíveis à luz;
  • Queimaduras nos olhos.

À população em geral:

Em caso de contaminação confirmada pelos órgãos responsáveis:

  • Evitar contato direto com a água do rio Tocantins;
  • Evitar o uso da água ou atividades de lazer no rio Tocantins enquanto as autoridades não garantirem a segurança;
  • Seguir orientações das autoridades a partir dos comunicados oficiais dos órgãos ambientais e sanitários para atualizações sobre a segurança na região;
  • Procurar a unidade de saúde mais próxima caso haja contato com os produtos químicos, mesmo que não haja sintomas imediatos. Em casos de urgência, acionar o SAMU 192;
  • Na hipótese de ingestão da água contaminada, não induzir o vômito.

Queda da ponte completa um mês

O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) pela BR-226, completou um mês no dia 22 de janeiro. Desde então, a população nas duas cidades sentem os impactos na economia e ainda há três desaparecidos.

Bombeiros e a Marinha resgataram os corpos de 14 vítimas (veja mais abaixo quem são), mas ainda falta encontrar os corpos de Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos; além de Salmon Alves Santos, de 65 anos e Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos - avô e neto que estavam em uma caminhonete.

Não há previsão para o retorno das buscas feitas por mergulhos no rio Tocantins, pois o trabalho dos mergulhadores está suspenso devido à abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito. O tenente-coronel dos bombeiros do Tocantins, Nilton Rodrigues Santos, afirmou que as equipes vão continuar no local para que os mergulhos sejam retomados quando o nível de água baixar.

Um mês após a tragédia na ponte JK, engenheiros trabalham em projetos de construção

Construção de nova ponte

Logo após o colapso da ponte, o Ministério dos Transportes informou que uma ponte seria construída no local, para manter a travessia entre os estados. O prazo de entrega da obra é de um ano.

Uma das fases da obra diz respeito à demolição da estrutura que sobrou da ponte. Nesta quarta-feira (22), técnicos já começaram a perfurar os pilares para uma futura implosão.

Remoção de produtos perigosos na água

A ponte caiu por volta das 15h do dia 22 de dezembro de 2024. O vão central cedeu levando ao fundo do rio Tocantins 10 veículos, entre carros, motos, além de carretas carregadas de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico, o que poderia ter causado um desastre ambiental.

Sobre a retirada dos materiais agrotóxicos e ácido sulfúrico que ainda estão no fundo do rio, a empresa que é responsável pelos produtos contrataram outras empresas especializadas nessa área de produtos perigosos para coordenar as ações de retirada.

Momento da queda

Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda

Pouco antes do desabamento da ponte, o vereador Elias Junior (Republicanos) estava no local fazendo vídeos para mostrar a situação da estrutura no momento que o asfalto cedeu e rachou.

Andando pelo acostamento da estrutura, ele mostrava rachaduras no asfalto quando, de repente, ele e outras pessoas que estavam no local escutaram barulhos e a ponte cedeu. Havia veículos atravessando o trecho entre os estados no momento da queda e é possível ver o momento que uma caminhonete passa por cima da rachadura e um motociclista freia antes de entrar na ponte.

Ponte construída em 1960

A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira tem 533 metros de metros de extensão e servia de travessia entre os dois estados para atender o corredor Belém-Brasília desde a década de 1960.

Segundo documentos de uma inspeção feita em 2019 feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), houve uma recuperação estrutural entre os anos de 1998 e 2000, mas passados mais de 20 anos, a ponte apresentava diversos problemas.

Servidores afastados

A queda da ponte está sendo investigada pela Polícia Federal e órgãos de fiscalização. No dia 17 de janeiro, o superintendente do DNIT no Tocantins, Renan Bezerra de Melo Pereira, e outros três servidores da autarquia foram afastados dos cargos.

A medida foi publicada no Diário Oficial da União e é referente à apuração do caso. Os afastamentos são pelo prazo de 60 dias, podendo ser prorrogados por igual período.

Em nota, Renan Bezerra afirmou que recebeu com total respeito a decisão e que as 'apurações administrativas e judiciais demonstrarão que ele sempre exerceu com zelo, responsabilidade e legalidade a função'.

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