A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) informou, nessa sexta-feira (3), que as análises de qualidade da água do rio Tocantins seguem sem indicar alterações, após desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre o Maranhão e Tocantins, no dia 22 de dezembro.
Segundo a ANA, as amostras coletadas no dia 27 de dezembro estão em análise e as dos dias 28 e 29 de dezembro, retiradas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), ainda não chegaram aos laboratórios para análise e devem ser analisadas na próxima semana.
Novas amostras seguem sendo coletadas, diariamente, pelas equipes da ANA e da Secretaria de Estado do Meio ursos Naturais do Maranhão (Sema/MA) presentes na região do acidente.
Os dados foram divulgados durante a 3ª Reunião da Sala de Crise sobre Acidente em Ponte do Rio Tocantins na BR-226, realizada nessa sexta.
Marinha divulga imagens de tanques que caíram no rio Tocantins
Durante a reunião, a Sema-MA relatou que foi identificado o colapso de um dos tanques de ácido sulfúrico, indicando o completo vazamento da substância, porém, não foi detectada qualquer alteração na qualidade da água do rio Tocantins, devido à rápida reação do ácido sulfúrico em contato com a água e ao grande volume de água escoado no rio.
Ainda segundo a Sema-MA, já foram realizados novos mergulhos das empresas notificadas pelo IBAMA para avaliação da situação dos produtos químicos depositados no fundo do rio.
Sobre o segundo caminhão de ácido sulfúrico que caiu no curso d’água não houve informações. Já quanto à carga de pesticidas, foi reportada na 3ª Reunião a recuperação de quatro bombonas intactas e sem indicação de vazamento dessas substâncias químicas.
Em relação à qualidade da água, prestadores de serviço de abastecimento de Tocantins e do Pará informaram que não foram detectadas alterações nas condições do rio até o momento.
As autoridades continuam reforçando que, no pior e mais improvável cenário, de rompimento completo e simultâneo dos recipientes de produtos químicos, que ainda estão submersos no rio Tocantins, é possível que as concentrações de alguns poluentes atinjam valores acima do recomendado no manancial. Embora o risco seja baixo, está sendo discutida a importância da remoção de todas as bombonas de pesticidas que caíram no rio.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) apresentou, na reunião, novas previsões de chuva para a região do acidente nos próximos dias e semanas. A previsão é de chuvas acima da média e, consequentemente, a elevação de vazões sobretudo a partir de 15 de janeiro.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou, no encontro, as perspectivas de operação da cascata de reservatórios da bacia hidrográfica do rio Tocantins e a programação de operação da usina hidrelétrica de Estreito, que opera normalmente e não tem grande capacidade de armazenamento de água.
A usina operou com vazões reduzidas nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro para facilitar as operações de mergulho, mas no dia 2 de janeiro não foi possível manter a operação, sendo necessário abrir as comportas da usina, para diminuir a vazão média de água.
Para o período de 4 a 9 de janeiro, a perspectiva é de operação com vazão defluente (liberada) média diária reduzida, das 6h às 18h, para viabilizar as operações de mergulho em busca de desaparecidos e materiais depositados no fundo do rio. Essas condições operativas podem variar em função das condições hidrológicas de cada dia.
A próxima Reunião da Sala de Crise sobre Acidente em Ponte do Rio Tocantins está marcada para a quinta-feira (9).
Com aproximadamente 2.400 km de extensão, o rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, ficando atrás somente dos cerca de 2.800 km do rio São Francisco.
O Tocantins nasce entre os municípios goianos de Ouro Verde de Goiás e Petrolina de Goiás. Ele também atravessa Tocantins, Maranhão e tem sua foz no Pará perto da capital Belém.
O rio pode ser chamado de Tocantins-Araguaia, por se encontrar com o rio Araguaia entre Tocantins e Pará. Os dois cursos d’água também dão nome à Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, que é a maior do Brasil em área de drenagem 100% em território nacional.
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira desabou no dia 22 de dezembro, quando caíram quatro caminhões, duas caminhonetes, um carro e três motos. Até este sábado (4), 14 corpos foram localizados e retirados do rio Tocantins (veja identificação das vítimas abaixo). Ainda há três pessoas desaparecidas.
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda será investigada, de acordo com o órgão.
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda
O momento em que estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista ao g1, ele contou que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias da ponte.
Uma força-tarefa foi criada identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.
Um consórcio foi contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para reconstruir a ponte da BR-226, entre Tocantins e Maranhão. A dispensa de licitação de quase R$ 172 milhões prevê que a obra seja finalizada até o dia 22 de dezembro de 2025.
A ponte foi completamente interditada, e os motoristas devem usar rotas alternativas.
Marinha divulga imagens de tanques que caíram no rio Tocantins
No dia do acidente, tanques de três caminhões que caíram no rio Tocantins transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas. No entanto, os tanques estão intactos e o risco de vazamento e contaminação do meio ambiental é mínimo.
Apesar do risco pequeno de vazamento, os tanques com ácido sulfúrico e pesticidas agrícolas que caíram no rio Tocantins poderão ficar submersos por 15 ou até 30 dias.
"É importante a gente manter o monitoramento e a cautela enquanto esse material estiver lá. Se ele [tanque] se romper ainda existe algum risco, que é pequeno, mas controlado. É preciso a gente atuar para eliminar totalmente o risco. (...) Se houver algum indício de vazamento, deve ser interrompido imediatamente o abastecimento de água", afirmou Alan Vaz Lopes, superintendente Adjunto de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA).
A Prefeitura de Estreito decretou situação de emergência no município. Um decreto, assinado pelo prefeito Léo Cunha (PL), cita a necessidade de apoio técnico e financeiro dos governos federal e estadual, já que o município estaria com falta de recursos para atender várias demandas urgentes decorrentes da queda da ponte.
Além da localização e resgate dos corpos dos desaparecidos, o prefeito cita prejuízos às atividades agrícolas e pesqueiras, além do risco de contaminação do rio Tocantins devido aos tanques de ácido sulfúrico e de pesticidas que caíram na água, com a queda da ponte.
Nessa terça (31), o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de emergência na cidade de Estreito. Com essa medida, a cidade pode solicitar recursos federais para ações de Defesa Civil, dentre outras.